NOTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE A
MANIFESTAÇÃO DOS MORADORES DA RESEX VERDE PARA SEMPRE EM PORTO DE MOZ
Durante
os dias 20 e 21 de novembro e 12, 13 e 14 de dezembro, lideranças das
comunidades do interior da Reserva Extrativista Verde para Sempre embargaram as
obras de transmissão de energia elétrica pelo interior da Unidade de
Conservação. O embargo foi motivado pelos impactos ambientais provocados pela
obra que vai desde o depósito de entulho de madeireira serrada usada para
aterro de estrada de acesso aos locais onde são construídas as torres, lixo
plástico espalhado nos arredores das torres, invasão – sem permissão – às áreas
dos moradores e etc. Outro fator que levou as comunidades a tomarem essa
iniciativa foi o descaso do governo para com as necessidades das famílias,
desde que a Resex foi criada, em 2004, o governo não investiu absolutamente
nada para dinamizar as cadeias produtivas locais.
Na
primeira etapa da manifestação, as lideranças interromperam as atividades com
acesso pelo Rio Aquiqui. Ao final do dia 21 de novembro, com a presença do
chefe da Resex, Sr. Marcos Rocha, que declarou a empresa Isolux, responsável
pela obra, que não constava na licença de Instalação (LI), o uso de entulho
para aterrar estrada de acesso, bem como declarou publicamente o embargo da
obra no local e a limpeza imediato dos resíduos, o protesto foi encerrado com o
comprometimento da empresa em retirar, até o dia 24 de novembro, todo o
material depositado.
Contudo,
dois dias após o protesto, a empresa retomou as abras sem realizar a limpeza do
local com havia prometido. Ao tomar conhecimentos, as comunidades realizaram
novo protesto, nos dias 12 a 14 de dezembro, garantindo a interrupção da abra
no local.
Enquanto
as lideranças realizavam o protesto, um grupo de quatro liderança comunitária
da RESX estavam reunidos em Brasília com o ICMBio, Ministério de Minas e
Energia, IBAMA e organização não governamentais para discutir o problema e
encontrar soluções dialogadas. Além dos órgãos governamentais, também
participou da reunião diretor da Isolux – Rio de Janeiro, Sr. Ailton que
durante sua fala afirmou que havia sido queimado um trator da empresa na região
do protesto dos ribeirinhos.
É
verdade que um trator foi queimado por fogo acidental numa área distante cerca
de 20km do local onde estava sendo realizado o protesto, mas sem qualquer
interferência das lideranças que lá estavam. Assim como, outra informação
distorcida de que os manifestantes haviam feito o vigia da obra como refém.
Inclusive motivando o deslocamento das polícias civil e militar para o local que
nada constataram.
Portanto,
“vândalos” – como se referiu o presidente da Isolux durante a reunião em
Brasília, não é quem luta por direitos, mas quem invade desrespeitosamente uma
terra habitada a mais de um século – sem a educação de pedir licença aos verdadeiros
donos, é quem julga que a Reserva Verde para Sempre é depósito de lixo e que
tudo pode fazer, inclusive desrespeitar moradores e o próprio estado.
Ao
contrário do que Isolux está fazendo, as comunidades têm inteligência
suficiente para agirem sem o uso da violência ou atos de vandalismo, para se
conquistar direitos assegurados não se faz necessário o uso da violência.
Principalmente por quem sabe usar a inteligência.
Contudo,
alertamos para a necessidade de paralisação imediata de toda obra até que sejam
corrigidas as irregularidades já identificadas pelos órgãos ambientais e
denunciadas pelas comunidades e o governo apresentar concretamente as ações que
viabilizem o desenvolvimento econômico, social e cultural da população do
interior da Verde para Sempre.
O
Comitê de Desenvolvimento Sustentável de Porto de Moz está na luta com as
comunidades incondicionalmente, como se costuma dizer: “para o que der e vier”!
Agostinho
Tenório
Coordenador do CDS
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