Orgânicos
ganham espaço no mercado
|
Desenvolvimento
do setor mostra-se crucial para o crescimento da produção agrícola
brasileira, oferecendo ótimas oportunidades de negócio para os agricultores
familiares
|
Das prateleiras dos supermercados às cozinhas escolares,
os orgânicos estão cada vez mais presentes nas mesas brasileiras, nos últimos
anos. Atualmente, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) apoia a
execução de 46 projetos que incentivam a produção agroecológica e orgânica,
totalizando investimento de R$ 39 milhões e beneficiando em torno de 88 mil
agricultores familiares. Temas como a qualificação técnica de jovens
agricultores familiares e a formação inicial e continuada de jovens, adultos e
de agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) estão entre as
prioridades do ministério que pretende, até 2015, ter mais de 100 mil técnicos
e agricultores preparados para trabalhar com esse mercado.
A Coopaflora, cooperativa que atua apenas com alimentos
orgânicos, estabelecida no município de Turvo, no Paraná, aproveitou os
benefícios das ações do ministério. Com uma produção inicial de 14 toneladas,
em 2006, a Coopaflora fechou 2011 com 92 toneladas de produtos orgânicos. A
partir de então, o grupo começou a vender para mercados estrangeiros, além do
Brasil inteiro. Hoje seus produtos – condimentos, chás, ervas aromáticas e
erva-mate – podem ser encontrados na Europa, em países como França, Suíça e
Alemanha. Para o ano a meta são os EUA.
Para a cooperativa, nesta caminhada, o apoio do MDA foi
essencial. O acesso aos programas de Fortalecimento da Agricultura Familiar
(Pronaf) e de Aquisição de Alimentos (PAA), bem como técnicas de cultivo e
manejo oferecidas pela Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater),
asseguraram a estruturação dos cooperados.
O agente de mercado e também representante da Coopaflora,
Henrique Vinicius Eurich, conta que o cuidado com a preservação do meio
ambiente sempre foi uma necessidade. Produtor de plantas medicinais há mais de
20 anos, um dia percebeu que para se conservar as áreas de floresta nativa
situadas no interior de pequenas propriedades rurais só havia um caminho:
aquele em que o produtor pudesse tirar seu sustento a partir da mata,
preservando-a para que se tornasse uma fonte de renda permanente. Em sua
opinião, “as pessoas buscam cada vez mais viver em um mundo sustentável.”
Espaço para crescer
Embora praticamente todas as regiões do País tenham uma produção orgânica ou
agroecológica, “o Sul e o Sudeste encontram-se mais adiantados quando o assunto
é organização para os mercados”, comenta Arnoldo Campos, diretor do
Departamento de Geração de Renda e Agregação de Valor do MDA. Para ele, “temos
um espaço fantástico para desenvolver e a Agricultura Familiar tem aí a grande
oportunidade para se inserir e consolidar como produtora, processadora e
comercializadora neste segmento de mercado”. Segundo registro foi feito pelo
Censo Agropecuário 2006, divulgado em 2009, pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), 80% da produção orgânica do País são oriundas
dos agricultores familiares.
O desenvolvimento do setor mostra-se crucial para o
crescimento da produção agrícola brasileira, oferecendo ótimas oportunidades de
negócio para os agricultores familiares. O mercado de produtos orgânicos
movimenta hoje, no Brasil, aproximadamente, meio bilhão de reais e cresce entre
15% e 20% ao ano. Os supermercados, por exemplo, tem aumentado à oferta de
produtos orgânicos para atender seus clientes, cada vez mais exigentes no que
diz respeito à compra de alimentos social e ecologicamente corretos. O mesmo
movimento pode ser percebido em restaurantes também.
Orgânicos para o futuro
Para incentivar a produção sustentável o governo federal, no âmbito do Programa
de Aquisição de Alimentos (PAA), oferece vantagens aos agricultores que optarem
por usar o sistema agroecológico ou orgânico: o preço pago por produtos com
estas características é 30% mais alto do que o valor oferecido aos
convencionais. Já o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), executado
pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, determina que 30% do valor de
repasse recebido pela escola seja destinado à compra de produtos oriundos da
agricultura familiar, preferencialmente orgânicos. O ministério lançou também a
campanha Brasil Orgânico e Sustentável cuja finalidade é incentivar a oferta e
o consumo de produtos da agricultura familiar com a marca da
sociobiodiversidade.
Paraná dá o exemplo
De acordo com os dados da Secretaria de Estadual de Educação do Paraná, o
estado foi o primeiro a atingir a meta mínima de utilização da verba destinada
à alimentação escolar que hoje alcança 87% das escolas estaduais. No ano
passado, 140 escolas de 24 municípios receberam alimentos orgânicos. Em 2012,
esse número subiu para 414 escolas em 68 municípios. Em termos quantitativos,
foi um salto de nove para 660 toneladas. A tendência é que aumente ainda mais.
MDA
17/12/2012FONTE: Dia de campo
Nenhum comentário:
Postar um comentário