Mandala: possibilidades e desafios

Quem já teve a coragem de fazer uma mandala? E quem conseguiu uma que funcionasse bem? Quais foram os seus problemas e como foram resolvidos? Na Universidade Federal de Goiás (UFG) implantamos uma, em uma área onde existia uma plantação de pinheiros, entre duas rodovias.

A mandala é um sistema de cultivo circular de baixo custo que facilita a produção de alimentos. Uma grande diversidade de espécies é plantada que atrai insetos polinizadores que se autocontrolam. Caminhos devidamente projetados facilitam o manejo, a irrigação e a colheita. Fertilizantes orgânicos repõem os nutrientes e a cobertura morta mantém a umidade e protege sua maior riqueza: o solo. A horta mandala pode ser uma alternativa para a agricultura familiar.

A mandala desenvolvida na UFG é um pouco diferente da criada pelo SEBRAE. No esquema deles existe um galinheiro no centro; no nosso optou-se por não fazer o galinheiro pelo risco de roubo e por outras dificuldades. Então implantamos um canteiro normal, com um Gonçalo (Astronium fraxinifolium) no centro e fizemos mais seis em volta. A Mandala foi construída para fazer um experimento com diferentes doses de pó de rocha, biotita no nosso caso. Nos canteiros jogou-se esterco ou composto (177g/m²) com Yorim (200g/ m²) e calcário (769g/ m²).

A idéia principal era fazer um quintal da agricultura familiar e optou-se por introduzir a mandala de forma a levar novas tecnologias para um assentamento que também as utiliza. O objetivo foi pesquisar se é melhor introduzir o pó de Rocha direto nas plantações, ou se ele deve ser inserido na compostagem sem minhoca ou com minhoca.  Em janeiro de 2010, iniciamos a construção dos canteiros. Como o sistema de cultivo é orgânico, plantamos as hortaliças tomando em conta a alelopatia das plantas.  Plantamos salsa, coentro, rúcula, brócolis, rabanete, cenoura, alface americana, acelga, mostarda, mizuno, escarola repicada e escarola comum.

 As plantas estavam crescendo bem, mas tivemos um imenso problema com as formigas cortadeiras. Das variedades de espécies plantadas, a que as formigas mais atacaram foi o brócolis, depois a acelga. Tentamos controlar com cal jogado em volta dos canteiros, mas não deu certo. Depois, optamos em jogar caldo de mandioca nos olheiros das formigas. Ele é feito com a mandioca amarela retirando toda a casca e depois a batendo no liquidificador; em seguida adicionando água no produto produzido e, por ultimo coando. É possível seu uso imediato, mas recomenda-se a utilização depois de 5 dias do preparo, pois a solução  encontra-se mais ácida com pH em torno de 4,5. Com essa solução até conseguimos controlar um pouco as formigas. Gastamos litros e litros de caldo de mandioca pois, para cada olheiro, recomenda-se jogar dois litros. Apesar disso, conseguimos colher alfaces americanas de cabeça fechada no verão, rabanetes, rúculas, mizunos, escarolas e acelgas. Não conseguimos colher o brócolis, pois nem mesmo com tanto caldo de mandioca,  as formigas deram sossego para ele.

Compartilhe conosco suas experiências com a mandala para agricultores familiares; conte-nos a respeito de suas dificuldades, sucessos e angústias. Ajude-nos com sugestões; assim podemos enriquecer o tema... Aguardamos o seu comentário.

Juliana Braga Mascarenhas e Carlos Alexandre da Silva Harold ,

estudantes de Agronomia da UFG.

Projeto Mandala orientado pelo Professor Wilson Mozena Leandro.