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SOB O OLHAR DE UMA ASSISTENCIALISTA

A minha primeira visita ao Projeto de Assentamento Palmares (Varjão-GO) como nova integrante do GEPAAF, se deu no dia vinte e oito de maio de dois mil e onze, no qual pude me informar sobre sua história e as atividades desempenhadas pelas famílias residentes no mesmo.
A historia do Assentamento começou em 2006 quando a antiga fazenda Quinta da Bicuda foi desapropriada do seu antigo dono Antônio Damásio, líder de uma quadrilha internacional de drogas , preso na operação caravelhas. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) de Goiás então negociou com a justiça e adquiriu a fazenda, hoje então moram no assentamento setenta famílias.
A minha primeira atividade de campo, dentro do grupo, foi auxiliar o Marco Aurélio Pessoa(membro do GEPAAF e graduando em Agronomia) a fazer uma pesquisa de mercado na cidade de Varjão. A pesquisa questionava o mercado do frango caipira e das hortaliças nos comércios da cidade. Nesta pesquisa obtivemos informações positivas e outras nem tanto. Vimos que não há comercialização de frango caipira nos mercados, e certamente estes devem ser comercializados em feiras. Quanto às hortaliças, são compradas pelos comerciantes em Goiânia na Central de Abastecimento da Secretaria de Agricultura (CEASA). Concluindo, o comerciante tem um alto custo para comercializar as hortaliças e só vendem frango de granja, não fazem negócios com os agricultores do município alegando que não há fidelidade por parte destes já que não há um fluxo permanente dos produtos a serem comercializados. Os produtores alegam que os comerciantes não pagam o preço justo ao seu produto e por isso não fazem o negócio, e resultado: perdem o que plantaram.
Mais tarde, já depois do almoço, nos encaminhamos para o assentamento, o GEPAAF atua em três linhas principais de trabalho: Horticultura, Frango Caipira Melhorado e Criação de gado leiteiro.
Primeiramente conheci um produtor de leite. Este agricultor me pareceu muito entusiasmado com os resultados preliminares da gestão do GEPAAF, e principalmente com sua auxiliadora, a Kaliele Amorim (graduanda em Medicina Veterinária e integrante do GEPAAF), juntos, estão planejando a implantação do Pastoreio Racional Voisin (PRV), para o manejo do gado. Este produtor me chamou a atenção pela sua sagacidade e dedicação às atividades do seu sítio, ele trabalha juntamente com a família e almeja além de continuar com suas vacas leiteiras, atuar na produção de pimenta orgânica juntamente a ONG Pró-Cerrado.
O segundo sítio que conheci foi de um agricultor simpático que cultiva hortaliças e cria aves para subsistência. Na ocasião o Marco Aurélio o auxiliou a contabilizar suas finanças no excel, um método bem inteligente do agricultor ter noção do que gasta e o quanto ganha, assim sendo poderá em um futuro próximo ponderar suas atividades.
Com esta experiencia, interpretei a situação do assentamento da seguinte forma: À progredir, há ressentimento entre os agricultores, há quem não saiba ainda em que linha de trabalho atuar, falta energia elétrica para muitos, falta informações sobre políticas públicas, porém há determinação da maioria, vontade de trabalhar em sua terra por parte das esposas de muitos agricultores e muito bom humor somadas às duas partes, dos agricultores e dos estagiários “GEPAAFianos”.

O assentamento Dom Fernando está localizado no município de Itaberaí, e hoje conta com 65 famílias assentadas, lá eles ainda enfrentam situações mais difíceis que no assentamento Palmares, o dinheiro para a construção da casa ainda não chegou, muitas famílias ainda não tem a Declaração de Aptidão ao Pronaf(DAP), e grande parte do assentamento ainda não tem luz elétrica. Porém promessas é o que não falta, uma agricultora até brincou, dizendo que já havia passado por ali mais de dez promessas das casas, e nem uma chegou até o assentamento.
Apesar das dificuldades, os agricultores recebem os integrantes do GEPAAF muito bem, são muito prestativos e atenciosos conosco. A cada casa que visitamos nos surpreendemos mais com a receptividade das pessoas, não se acanham de maneira alguma, e isso facilita o trabalho, um aprende com o outro nesta jornada.
A primeira visita se deu em um sítio de produção de leite, lá aprendi a fazer a pesagem de vacas, com o uso da fita. Pude perceber logo de cara que se tratava de um agricultor muito experiente em questão de manejo do gado. As vacas estão bem cuidadas, e a parceria de trabalho entre o agricultor e o Fernando Bretner (Graduando em Agronomia e membro do GEPAAF) é absolutamente precisa, os dois, estão montando uma planilha de ganho de peso de cada vaca e de prdução de leite, no sítio cada membro da família tem sua função, e assim as atividades não passam da hora de serem feitas.
Quando visitei esta parcela não pude deixar de compará-la com a parcela do produtor de leite de Varjão, o entusiasmado, que implantará o sistema PRV em sua propriedade. Os dois tem o mesmo perfil, trabalhadores competentes.
A segunda visita se deu no sítio vizinho, a produção de leite também é a principal atividade do proprietário. A esposa mantém uma horta orgânica no fundo do quintal e onde o novo integrante do GEPAAF Acácio(graduando em Agronomia e membro do GEPAAF) deu sua primeira recomendação agrícola, auxiliando a produtora a adubar seu pé de uva.
Depois de muitas fotos tiradas pelo nosso amigo Acácio, nos preparamos para o almoço, na casa de outro agricultor, e logo após o divertido almoço, nos encaminhamos para o sítio do produtor de banana do assentamento.
O agricultor se encontrava apreensivo, e com motivo. Na véspera de nossa visita ele detectara uma doença em duas plantas de seu pomar. E o Carlos (graduando em Agronomia e integrante do GEPAAF) perspcaz, identificou a doença como sendo o mau do panamá. Coletamos então uma amostra da planta para posterior análise mais criteriosa na faculdade, e aconselhamos o agricultor a cortar os pés doentes até o rizoma e queimá-los.
Logo depois fomos tirar amostra de solos da propriedade, depois de incansáveis vinte e sete amostras de solo, a maioria feita pelos meninos mais fortões do grupo, Leonardo (graduando em Engenharia Florestal) e Carlos, nos encaminhamos para o próximo sítio, onde tiraríamos mais amostras de solos para a análise, porém este agricultor fiquei sem conhecer, já que ele não se encontrava em casa.
A experiência que ficou deste assentamento em mim foi que, há uma harmonia entre os agricultores, há força de força de vontade por parte deles, de fazer de sua terra, seu pão de cada dia, a terra é muito boa, fértil, sem escassez de água, (o contrário do assentamento de Varjão), porém ainda há problemas no que tange à infra-estrutura básica, como, as casas e luz elétrica.
Ao final do dia de trabalho árduo, ficou o sabor de uma festa de quinze anos de uma jovem do assentamento, e a luz do luar, sereno, nos encaminhávamos devolta pra casa.


Gessyane é uma das novas membras do GEPAAF e muita motivação pra trabalhar!

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